Um breve estudo sobre outliers - Estudo de Caso

Continuação deste post

Nesta sessão vamos fazer análises mais complexas usando o algoritmo EllipticEnvelope do Sklearn para tentar entender análises de outliers em ambientes mais complexos e multidimensionais.

Lembrando que detalhes das análises e gráficos estão disponíveis aqui.

1. Criação de datasets

Para fazer análise de outliers vamos criar 1 dataset especfico para o que queremos. Detalhes da criação deste set de dados pode ser encontrada aqui.

Basicamente temos uma variável y (store_profit) que tem um hitograma de cauda longa:

Duas variáveis independentes distribuda em torno de um centróide (products in stock e product rating):

E mais uma variável categrica (business_type) e duas variáveis que são números internos, sem padrão de distribuição.

O Dataframe resultante:

Com essas características:

EllipticEnvelope em X e variáveis numéricas

Uma forma simples de identificar outliers é assumir que o dado tem uma determinada distribuição conhecida (por exemplo, Gaussiana). Uma vez que assumimos isso, podemos definir uma “forma” para o dado, e definir que observações que ficam longe desse formato como anomalias.

No Sklearn temos a técnica do covariance.EllipticEnvelope que estima uma covariância robusta ao dado, adaptando uma elipse na parte central da nuvem de dados e ignorando o fora desse centro.

Vamos usar o Elliptic Envelope para avaliar nossos dados considerando que temos 1% de contaminação. Para facilitar a compreensão, vamos utilizar apenas as variáveis products_ind_stock e product_rating como as variáveis no nosso X:

X = df[['products_in_stock', 'product_rating']]
y = df.store_profit

Agora vamos analisar nossos dados apenas considerando nossas variáveis independentes:

from sklearn.covariance import EllipticEnvelope

clf = EllipticEnvelope(contamination=0.01)
clf.fit(X)
inliers = clf.predict(X)

O resultado da análise é um vetor com o mesmo tamanho do nosso DataFrame contendo valores ou 1 ou -1. Todos as observações que tem valor de 1 no vetor foram consideradas pelo algoritmo como inliers, ou seja, valores que são coerentes com a distribuição, enquanto que valores -1 são observaçes consideradas outliers.

O resultado, quando observamos graficamente, é este:

Mas repare que não consideramos que os valor da nossa variável y nesse processo. Dessa forma, ao observamos as amostras em y que foram consideradas outliers elas estão distribudas quase aleatóriamente:

Muito legal hein?

EllipticEnvelope em Y

Agora vamos fazer a mesma análise. Mas, ao invés de passarmos minhas variáveis X para o algoritmo, vamos analisar a minha variável y. Qual resultado é esperado?

y  = y.values.reshape(-1,1)

from sklearn.covariance import EllipticEnvelope

clf = EllipticEnvelope(contamination=0.01)

clf.fit(y)
inliers = clf.predict(y)

Na verdade, quando avaliamos uma variável só, especialmente quando ela tem uma longa cauda como observamos lá em cima, o algoritmo basicamente faz um “corte” da cauda.

Dessa forma, temos que o nosso gráfico de y vai aparecer com um “corte”, removendo valores muito extremos:

Agora, se olharmos o gráfico dos valores das variáveis independentes temos a aleatoriadade das amostras:

EllipticEnvelope em X e variáveis categóricas

E se, ao invés de usarmos apenas duas variáveis numéricas como vimos anteriormente, usássemos todas as variáveis que temos disponíveis? Categóricas ou não?

y = df.store_profit
X = df.drop('store_profit', axis=1) # pega todos os valores exceto a coluna do y

Bom, primeiro temos que fazer um encoding das variáveis categóricas para que o algoritmo as entenda:

from sklearn.preprocessing import LabelEncoder

encoder = LabelEncoder()
X['business'] = encoder.fit_transform(X['business'])

Depois a análise fica exatamente do mesmo jeito que anteriormente:

from sklearn.covariance import EllipticEnvelope

clf = EllipticEnvelope(contamination=0.01)
clf.fit(X)
inliers = clf.predict(X)

O resultado é diferente daquele que encontramos anteriormente, considerando apenas duas variveis:

Entretanto, não tem como fazermos a avaliação visual de como isso se comporta no espaço, como fizemos no exemplo anterior :/

Reflexão

A análise de outliers depende muito do dado que você está vendo e o que você quer observar. Isso já é um senso-comum. Porém, ao se fazer uma análise, devemos sempre ter em mente que diferentes técnicas resultam em diferentes outliers, dependendo do enfoque que você der para ela ou da forma como ela faz a identificação. Muitas vezes, o melhor é tentar fazer diferentes técnicas para ver qual delas é mais eficiente.

Considerando os casos que apresentei, a conclusão que eu obtive é que existem 3 casos diferentes que podem ocorrer quando se tenta identificar um outlier para fazer análises preditivas a partir dos dados:

Caso 1: Temos uma anomalia em y

O primeiro caso teríamos a anomalia presente em y, como mostra a tabela abaixo:

Se fizermos a análise baseando-nos em y, temos a análise removendo corretamente o quinto elemento, que é claramente um outlier. Agora, se fizermos a análise baseando-nos em X, essa observação não será removida.

Caso 2: Temos uma anomalia em X

No segundo caso, a observação anômala ocorrem X. Dessa vez, a análise apenas de y pode não remover esse caso que é, claramente, um anômalo.

Caso 3: Temos anomalia em X e y

No terceiro caso temos a aparição de dados anômalos justamente em X e em y. A análise, de qualquer forma que se olhe, poderia nos dar uma impressão errada de um dado anômalo quando, na verdade, temos um comportamento relativamente fácil de prever. Quando X é grande, y será grande também.

Fim?

Por enquanto foram esses os tópicos que eu cheguei e as análises que fiz para tentar entender melhor o assunto. O tema é vasto, as técnicas são várias e tem muita coisa pela frente. Se você sabe de algo que não está aqui, por favor se sinta a vontade para comentar :)

Referências

Barnett, V. 1978. The study of Outliers: purpose and model. Appl. Statics, 27, no.3, pp.242-250.

Hawkis, D. M. 1980. Identification of Outliers. Monographs on applied probability and statistics. DOI: 10.1007/978-94-015-3994-4.

Rousseeuw, P. J.; Van Driessen, K.. A Fast Algorithm for the minimum covariance determinant estimator

Tukey, J.W., 1977. Exploratory Data Analysis. Addison-Wesley, Reading, MA.

http://www.dbs.ifi.lmu.de/~zimek/publications/SDM2010/sdm10-outlier-tutorial.pdf


Abraço!
Letícia

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